Depois da estadia na zona de Santa Cruz de Macocola, voltámos a Ambriz, onde permanecemos até ao nosso regresso à Metrópole, ou melhor, até ao regresso dos meus ex-camaradas. Eu tive de cumprir mais um ano de comissão de serviço, uma vez que quando fui incorporado na CART 2731, em rendição individual, já esta companhia tinha cerca de um ano de permanência em Angola.
Com o regresso a Ambriz, regressámos à boa vida. A praia, o futebol, o cinema e o bar do senhor João, onde nos refrescávamos com umas cucas ou umas nocais (as cervejas mais conhecidas em Angola), acompanhadas por bons pratos de camarão e, por vezes, algumas lagostas, eram os nossos passatempos favoritos
Era o descanso do guerreiro e os elementos da CART 2731 bem o mereciam. Mais de um ano de permanência no leste de Angola, longe de tudo e de todos, expostos aos mais variados perigos, onde vimos tombar dois dos nossos camaradas, e seis meses nas matas de Santa Cruz, completamente isolados, sujeitos às mais variadas privações, justificavam este descanso.
O único senão eram os destacamentos do Capulo e de Freitas Norma, que estavam a cargo da CART 2731, que tinha de destacar pessoal para lá.
O destacamento do Capulo situava-se junto à costa, talvez a menos de uma dezena de quilómetros de Ambriz. O destacamento de Freitas Norma ficava situado um pouco mais distante, junto à ponte do rio Loge, na estrada de Ambriz para Ambrizete.
O meu grupo de combate foi incumbido de fazer uma comissão de duas semanas neste último destacamento, com a finalidade de proteger a ponte.
O destacamento era ponto de paragem das colunas que se deslocavam de Luanda para o norte de Angola, pelo que nos dias de passagem dos MVL’s tínhamos a preocupação de abastecer bem os nossos frigoríficos e nossas arcas com cervejas e refrigerantes para refrescar as gargantas dos nossos camaradas que por ali paravam.
Quando não havia colunas, os nossos dias eram muito monótonos. Tinhámos o rio, a cerca de 50 metros do destacamento, que podia servir de distração, mas estava infestado de jacarés. Ainda assim, de vez em quando, ainda arriscávamos uns mergulhos.
A pouco mais de cem metros da ponte havia umas quedas de água espetaculares. O som das águas do rio Loge a precipitarem-se de algumas dezenas de metros de altura ouvia-se a quilómetros de distância. Sei que hoje existe nesse local um hotel. Deve ser um local paradisíaco.
Quase todas as noites eramos visitados por javalis, que iam comer os restos de comida depositados na lixeira do destacamento. Chegamos a fazer esperas de madrugada para tentar caçar um daqueles exemplares mas nessas noites os bichos nunca apareciam.
Depois de quinze longos e monótonos dias regressamos novamente a Ambriz.
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