Durante a guerra colonial, as cervejas comercializadas em Angola eram a Cuca, a Nocal, a Sagres e, a partir de 1972, juntou-se-lhes a Eka.
A Cuca era, porventura, a preferida pela esmagadora maioria das nossas tropas. Talvez para isso tenha contribuído o facto da empresa convidar os batalhões e as companhias, logo que chegavam a Angola, para visitarem as suas instalações em Luanda, oferecendo-lhes cerveja em quantidades industriais.
Quer nos momentos de alegria quer de tristeza era à Cuca que, quase sempre, recorríamos, ora para comemorar algo que fosse digno disso ou, outras vezes, para afogar as nossas mágoas.
A comissão chegou ao fim, regressei a Portugal e, embora Angola tenha ficado para sempre na minha memória, as cucas ficaram a faz parte do passado. Era produto que, na altura, não se comercializava em Portugal.
Neste último fim de semana participei num almoço-convívio em Setúbal, que juntou três gerações de camaradas que cumpriram o serviço militar em Angola (elementos da CART 2731, da CCAV 3517, que substituiu a CART 2731 no Luvuei, e da 1ª Companhia do BART 6321, que substituiu a CCAV 3517, também, naquela localidade). Em comum, o facto de todos nós termos estado durante alguns meses no Leste de Angola, no Luvuei.
Já depois do almoço, uma excelente caldeirada confecionada pelo "Setúbal", eis que tivemos uma agradável surpresa. Um nosso camarada de armas presenteou-nos com uma grade de cervejas, imagine-se, da marca Cuca. Não resisti à tentação e, mesmo já a fazer a digestão, mais de 42 anos depois, tive o prazer de voltar a saborear uma Cuca.