O quartel no Luso (ZML) distava pouco mais de 100 metros da estação dos CFB. Quando me apresentei a conversa do sargento-dia foi a mesma: sabíamos que ias chegar hoje na parte da manhã, foste colocado na escala de serviço e já estás atrasado. Tens de entrar de serviço imediatamente. Mais uma vez o maçarico foi enganado.
Ali já sabiam que a CART 2731 estava colocada no Luvuei, a cerca de 300 quilómetros de distância do Luso. O único meio de transporte para aquela localidade era o MVL (Movimento de Viaturas Ligeiras). O MVL era um conjunto de viaturas civis, escoltado por viaturas militares, que tinha por missão abastecer com equipamentos e mantimentos as populações civis e militares que se encontravam isolados na mata.
O MVL, que saía do Luso em direcção a Gago Coutinho, abastecia, entre outras localidades, Lucusse, Lunguébungo, Luvuei, Lutembo e Gago Coutinho. O MVL tinha saído no dia 10 de Maio de manhã e só voltaria a haver novo MVL quinze dias depois, ou seja no dia 25 de Maio.
Resultado, permanência de mais duas semanas forçadas no Luso. Não é que não fosse agradável mas o problema era que os angolares começavam a escassear. No Luso, na altura, a oferta de alojamento era escassa e o pouco que havia era caro. O mais barato que consegui arranjar foi uma residencial ao preço exorbitante de 105$00 por dia. O meu orçamento não me permitia permanecer ali mais de dois ou três dias.
Mas para grandes males grandes remédios. Os furriéis que estavam colocados no Luso costumavam juntar-se em grupos e arrendar vivendas onde dormiam e confeccionam as suas refeições. A solução foi juntar-me a um grupo de quatro furriéis que tinham uma vivenda arrendada e contribuir para a renda. A dormida passou a ficar-me por 20$00 por dia.
Lá se passaram as duas semanas, uns dias de serviço no quartel, outros vagueando pelas ruas sem nenhum objectivo. Muitas horas foram ocupadas a assistir a jogos de futebol. Naquele ano de 1971, o Futebol Clube do Moxico estava a disputar um torneio no Luso para apurar a equipa que iria representar no ano seguinte o distrito do Luso, no Campeonato da 1ª divisão de Angola. As entradas eram à borla.
Ainda me recordo alguns nomes de jogadores que em 1972 faziam parte do plantel do Futebol Clube do Moxico, tais como, o Seninho (do Futebol Clube do Porto), o Paixão (da CUF), o Serra (do Barreirense), o Vaqueiro (do Leixões), o Carlos Rosário (do Nacional da Madeira e que estava colocado na minha companhia, a CART 2731). O Futebol Clube do Moxico ganhou o torneio e no ano seguinte foi campeão de futebol da primeira divisão de Angola.
. Chegada ao Luso (actual L...